MENSAGEM
PARA A QUARESMA 2014 PARA A PARÓQUIA SÃO BRÁS
“Uma só coisa:
comportem-se como pessoas dignas do Evangelho de Cristo. Pois a vocês Deus deu
a graça não só de acreditar em Cristo, mas também de sofrer por ele” (Filipenses
1,27.29)
Inicio esta
minha mensagem a você, caríssimo irmão e caríssima irmã, com as palavras do
Santo Padre.
Peço que a
leia atentamente e faça dela (deste trecho especialmente) seu caminho
espiritual, como estímulo para seu exame de consciência pessoal e pastoral, em seu
caminho de conversão pessoal e pastoral, rumo à Páscoa do Senhor.
“Não à guerra entre nós
Dentro do
povo de Deus e nas diferentes comunidades, quantas guerras! No bairro, no local
de trabalho, quantas guerras por invejas e ciúmes, mesmo entre cristãos! O
mundanismo espiritual leva alguns cristãos a estar em guerra com outros
cristãos que se interpõem na sua busca pelo poder, prestígio, prazer ou
segurança econômica. Além disso, alguns deixam de viver uma adesão cordial à
Igreja por alimentar um espírito de contenda. Mais do que pertencer à Igreja
inteira, com a sua rica diversidade, pertencem a este ou àquele grupo que se
sente diferente ou especial.
O mundo
está dilacerado pelas guerras e a violência, ou ferido por um generalizado
individualismo que divide os seres humanos e põe-nos uns contra os outros
visando o próprio bem-estar. Em vários países, ressurgem conflitos e antigas
divisões que se pensavam em parte superados. AOS CRISTÃOS DE TODAS AS COMUNIDADES DO MUNDO, QUERO PEDIR-LHES DE MODO
ESPECIAL UM TESTEMUNHO DE COMUNHÃO FRATERNA, QUE SE TORNE FASCINANTE E
RESPLANDECENTE. QUE TODOS POSSAM ADMIRAR COMO VOS PREOCUPAIS UNS PELOS OUTROS,
COMO MUTUAMENTE VOS ENCORAJAIS, ANIMAIS E AJUDAIS: «Por isto
é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros»
(Jo 13,35). Foi o que Jesus, com uma intensa oração, pediu ao Pai:
«Que todos sejam um só (…) em nós [para que] o mundo creia» (Jo 17,21). Cuidado com a
tentação da inveja! Estamos no mesmo barco e vamos para o
mesmo porto! Peçamos a graça de nos alegrarmos com os frutos alheios, que são
de todos.
Para
quantos estão feridos por antigas divisões, resulta difícil aceitar que os
exortemos ao perdão e à reconciliação, porque pensam que ignoramos a sua dor ou
pretendemos fazer-lhes perder a memória e os ideais. Mas, se virem o testemunho
de comunidades autenticamente fraternas e reconciliadas, isso é sempre uma luz
que atrai. Por isso me dói muito comprovar como nalgumas comunidades cristãs, e
mesmo entre pessoas consagradas, se dá espaço a várias formas de ódio, divisão,
calúnia, difamação, vingança, ciúme, a desejos de impor as próprias ideias a
todo o custo, e até perseguições que parecem uma implacável caça às bruxas.
Quem queremos evangelizar com estes comportamentos?
PEÇAMOS AO
SENHOR QUE NOS FAÇA COMPREENDER A LEI DO AMOR. Que bom é
termos esta lei! Como nos faz bem, apesar de tudo amar-nos uns aos outros! Sim,
apesar de tudo! A cada um de nós é dirigida a exortação de Paulo: «Não te
deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem» (Rm 12, 21). E
ainda: «Não nos cansemos de fazer o bem» (Gál 6, 9). Todos nós
provamos simpatias e antipatias, e talvez neste momento estejamos chateados com
alguém. Pelo menos digamos ao Senhor: «Senhor, estou chateado com este, com
aquela. Peço-Vos por ele e por ela». Rezar pela
pessoa com quem estamos irritados é um belo passo rumo ao amor, e é um ato de evangelização. Façamo-lo hoje
mesmo. NÃO DEIXEMOS QUE NOS ROUBEM O IDEAL DO AMOR FRATERNO!” (EG 98-101)
Quero
alertá-los, irmãos, que o tempo da Quaresma nos deve conduzir justamente à
reflexão sincera e à prática concreta no que diz respeito ao amor fraterno como
ensinado e desejado por Cristo.
Este tempo
da Quaresma quer nos impelir a refletir sobre nossa capacidade de crer em Deus
e também de suportar os sofrimentos desta vida confiando em Cristo e também de
amar o próximo como Cristo nos ama!
Devemos ter em
mente que qualquer pessoa que sofre no mundo está sofrendo por algum fato ou
situação dolorosa e penosa. No entanto, perde-se hoje a visão espiritual sobre
o sofrimento (leia Salvifici Doloris
de João Paulo II) e cresce aquilo a que o Papa Francisco chama de ‘mundanismo
espiritual’ (EG 93) de tal forma que não muitos batizados conseguem ver mais na
cruz de cada dia um caminho para se santificarem a si mesmos e servir a Deus. Muitos já se cansaram de amar!!!
A estes
especialmente eu digo, como aprendi do Senhor e me esforço diariamente por não
esquecer: “No mundo haveis de ter aflições.
Coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16,33b)
Muitas vezes
pedimos que Cristo tenha piedade de nós, mas talvez não tenhamos piedade de
Cristo da mesma forma que Ele tem de nós: julgamos o próximo, condenamo-lo à
morte, banimo-lo de nossos corações e de nossas orações, abrimos nossa boca
para falar mal do próximo que nos feriu, desistimos de amar! E o pior de tudo
isso é quando não há arrependimento sincero, contrição pelo pecado grave, grave
mal, cometido; quando isso (julgar, condenar, falar mal, querer mal) passa a
fazer parte do cotidiano e vai se embrenhando na consciência da pessoa de tal
forma que tudo passa a ser ‘normal’. Cada
vez que agimos assim estamos sendo mundanos, irmãos! E é preciso que sejamos espirituais,
colocando em prática o que Cristo nos ensinou!
É chegada a
nossa hora, caríssimos, de fazermos também a nossa parte, de “completar em
nossa carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu corpo que é a Igreja”
(Col 1,24) e para que consigamos “é necessário que permaneçamos fundados e
firmes na fé, inabaláveis na esperança do Evangelho que ouvimos” (Col 1,23).
É chegada a
nossa hora, irmãos e irmãs, de reagir a todo esse desamor em que temos vivido
sendo os bem-aventurados do Evangelho (Mat 5,1-12), os pequeninos a quem se
dirige a mensagem do Reino (Mat 11-25-26).
É chegada a hora de aprendermos de Jesus, manso e humilde de coração
(Mat 11, 28-30) e sermos de fato como Ele
é!
AGORA é o
momento de retribuirmos isso (tanto amor de Deus por nós!) em nossas
penitências e ações de caridade e no jejum. Essas três práticas penitenciais nos
ensinam piedade, isto é, devoção filial. Essas três práticas nos fortalecem!
Não devemos temer padecer por Jesus nem por causa de Jesus. Devemos entender
que a mística da cruz e do martírio é um caminho de santidade, de santificação,
de perdão e de amor.
Sejamos filhos
e filhas obedientes!
Cristo, Seu
Corpo, que é a Igreja, está partido por divisões diversas, porque muitos
cristãos ainda são carnais, quiçá muitos de nós (1Cor 3), e Ele conta contigo,
conta comigo, com todos nós, UNIDOS (como é desejo de Jesus [Jo 17,21]) para
ser seu instrumento de reparação e amor em meio a tudo isso!
Por tal
razão, devemos aprender a suportar tudo buscando ser a cada dia mais fiéis e
piedosos, constantes e inabaláveis na fé que a Igreja nos transmite, porque
essa é base que nos sustenta em Cristo, seja quando padecemos por nós mesmos,
seja quando somos chamados a padecer por Jesus Cristo e seu corpo místico, “pois todos os que
quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer perseguição (2Tim
3,12).
“Portanto,
como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada
misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos
mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, ASSIM perdoai
também vós. Mas, acima de tudo,
revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição.” (Col 3,12-15)
Por
tudo isso e muito mais que o Espírito de Deus te conceda a refletir nesta
Quaresma, eu te convido a estar atento(a) aos Seus sinais e a participar comigo
deste riquíssimo momento da Igreja através de uma vida alicerçada na oração, na
penitência e na caridade.
Como
exercício prático de meditação e oração proponho a oração do Santo Terço,
meditando exaustiva e diariamente os mistérios DOLOROSOS, e a Via-Sacra, que
neste tempo da Quaresma rezaremos sempre às sextas-feiras pelas ruas, sempre
partindo do Santo Sacrifício da Missa (às 19h00m) aqui da Paróquia.
Estas
serão as ruas que percorreremos meditando o caminho da Paixão de Nosso Senhor, momento
de oração para o qual te convido vivamente: